Os resultados das vendas de veículos no Rio Grande do Sul divulgados pelo *SINCODIV/FENABRAVE-RS, refletem uma dinâmica de mercado complexa, com diferentes segmentos apresentando desempenhos variados. As oscilações podem ser atribuídas a fatores como redução do poder aquisitivo, ausência de linhas de crédito, taxas de juros altas, dependendo do setor, a exemplo do segmento de caminhões mudanças nas regulamentações, incentivos governamentais e a instabilidade econômica. Os números evidenciam a necessidade de atenção por parte dos setores envolvidos para o desenvolvimento sustentável e contínuo da indústria e varejo automotivo no Estado.
Vale lembrar que, na última década o volume em vendas no Rio Grande do Sul registrou queda da ordem de 50%. Expressiva redução que espelha os impactos de uma combinação de fatores econômicos, regulatórios e estaduais sobre o setor automotivo. Destacando-se entre os principais:
- Ciclos econômicos: A forte instabilidade da economia, em especial a aguda recessão registrada no biênio 2015-16, desestruturam a cadeia produtiva do setor automotivo. Resultando por exemplo em novo patamar de emplacamentos anuais da ordem de 2 milhões anuais de automóveis e comerciais leves , frente a um média anual de 3 milhões alcançada na década anterior. Acarretando na perda de escala e no fomento de incertezas que acarretam maiores custos dos veículos e menor volume de investimentos.
- Pandemia COVID-19: A pandemia do coronavírus, que começou em 2019, teve um impacto significativo nas vendas de veículos em todo o mundo. As restrições de mobilidade, receio de contágio e incerteza econômica levaram muitos consumidores a adiar a decisão de compra durante esse período.
- Aumento das Taxas de Juros e Inflação: O mercado automobilístico foi intensamente afetado a partir de 2021, quando, superado o momento mais aumento dos custos de produção, matérias-primas e elevação do grau de tecnologias embarcadas pressionaram aumentos de preços dos veículos novos. Elevando-os a um patamar, que associado a altas taxas de juros, tornaram menos acessíveis para significativa parcela dos potenciais consumidores.
Quanto aos números do mercado de veículos em julho, o Rio Grande do Sul apresentou desempenho híbrido, com variações notáveis em diferentes segmentos. As vendas somaram 14.010 unidades, incluindo autos, comerciais leves, caminhões, ônibus, motos e implementos rodoviários. No acumulado do ano, o estado registrou a comercialização de 89.462 unidades, refletindo um crescimento de 0,26% em relação a junho e um significativo aumento de 13,73% no acumulado de janeiro a julho, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O setor de autos e comerciais leves foi destaque no mês de julho, registrando a venda de 9.949 modelos emplacados, um crescimento de 6,25% em relação a junho. No acumulado do ano, o segmento totalizou 57.797 veículos vendidos, apresentando um crescimento notável de 21,05% em comparação com o mesmo período do ano passado. Comparando-se julho de 2023 com julho do ano anterior, o crescimento foi de 23,87%. O crescimento do mês acumula reflexo dos benefícios das medidas em incentivos do Governo no mês de junho.
Por outro lado, o segmento de caminhões sofreu uma queda significativa de 11,80% em julho, comercializando apenas 523 unidades, em comparação com as 593 vendidas em junho. No acumulado do ano, o setor acumula uma queda de 21,03%, com 4.476 unidades vendidas entre janeiro e julho, em comparação com as 5.668 vendidas no mesmo período do ano anterior. Essa queda pode ser justificada pelas mudanças nas exigências para a norma Euro 6, que encareceram consideravelmente os veículos, além da falta de linhas de crédito subsidiadas para o setor e a instabilidade econômica.
O setor de ônibus, por sua vez, apresentou um desempenho positivo, com um aumento de 58,82% em julho, registrando a venda de 54 unidades em comparação com as 34 vendidas em junho. No acumulado do ano, foram comercializadas 520 unidades em 2023, representando um crescimento de 28,40% em relação ao mesmo período do ano passado.
O segmento de motos, entretanto, teve um desempenho menos favorável em julho, com uma queda de 19,30% nas vendas em relação a junho, totalizando 2.249 unidades emplacadas, e apresentou desempenho inferior ao mesmo mês no ano anterior, acumulando uma queda de 5,07%. Apesar disso, o segmento de motos em 2023 acumula 18.486 unidades vendidas de janeiro a julho, um aumento de 3,45% quando comparado ao mesmo período de 2022.
Sendo importante ressaltar que o mercado de motos tem seu maior volume vendas concentrado nos modelos de menor cilindradas, segmento que enfrenta maiores desafios para aprovação de financiamento, diante de um cenário de elevadas taxas de financiamento e restrições para concessão de crédito.
Por fim, o segmento de implementos rodoviários registrou resultados positivos em todas as análises, refletindo um mercado que está atualizando o implemento sem renovar a frota de caminhões. Em julho, foram vendidos 597 implementos novos, representando um crescimento de 15,47% em relação a junho. No acumulado do ano, o setor somou 3.386 unidades vendidas, um aumento significativo de 41,32% em comparação com o mesmo período de 2022 e um impressionante crescimento de 63,56% em relação a julho de 2022.
*SINCODIV/FENABRAVE-RS – Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos e Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, Regional RS.
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